Poucos são os fatos sabidos e não-controversos sobre a vida de Gil Vicente (1465?-1536?). No entanto, é consenso que ele é o fundador da dramaturgia em língua portuguesa. Estima-se que tenha escrito 46 peças. Sua obra mais conhecida é Auto da barca do Inferno, encenada pela primeira vez em 1517. Trata-se de uma alegoria dramática: duas são as barcas em que os personagens podem subir; a do Inferno, munida do Diabo, e a da Glória, encabeçada pelo Anjo. Em cena, é realizado o auto do julgamento das almas, e a maior parte delas segue na primeira barca. Entre os "réus", um agiota, um sapateiro rico, um tolo, uma alcoviteira, um usurário, quatro cavaleiros e um frade corrupto, além de outros representantes da humanidade.
Muito mais do que uma sátira da sociedade lisboeta em princípios do século XVI, mais do que uma farsa ou um auto de moralidade (embora também o seja), Auto da barca do Inferno é um bem-humorado arrazoado dos vícios que corroem o mundo e uma crítica – infelizmente ainda válida – à organização da sociedade dos homens.
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