“A escola [...] não pode ser um sistema de hierarquia social pela educação nem um mecanismo de reprodução das desigualdades e privilégios históricos. Durante séculos a palavra escrita foi o principal elemento da formação. Ela hierarquizava as sociedades entre as que decifravam um alfabeto e as que permaneciam na escuridão do analfabetismo. O livro era, ao mesmo tempo, armazenamento e transporte de informações. Neste mundo hipermoderno, dominado pelas mutações tecnológicas aceleradas, imagens e sons podem ser facilmente armazenados e transportados. Uma pedagogia da imagem ganha dimensões inusitadas. Cada um é alfabetizado por imagens. A imagem pode ser interpretada com mais sentidos do que as letras. Ela jamais se nega por completo a um intérprete qualquer. Dela sempre emana uma luz.”
Trecho do livro
A ciência e a tecnologia estão mudando o mundo numa escala poucas vezes vista antes – ou mesmo nunca vista em outro momento da história. A informática e a internet têm um impacto na vida atual tão grande quanto o que deve ter resultado da invenção de Gutenberg no século XV. Já não somos os mesmos e seremos menos ainda no futuro em função da entrada definitiva em cena da Inteligência Artificial. Pela primeira vez a mudança atinge em cheio as atividades ditas intelectuais. A educação está no meio do redemoinho. Aquilo que parecia exclusivo do ser humano, como escrever um poema ou pintar um quadro, já pode ser feito por um dispositivo artificial, por uma máquina.
Nada mais óbvio, portanto, do que se perguntar pela educação de amanhã, que já começou. O que será da escola? Como será? Para que servirá? De que modo funcionará? Escola da complexidade/escola da diversidade: pedagogia da comunicação parte da experiência do autor como professor universitário há três décadas e do seu interesse permanente pelos novos imaginários tecnológicos e suas realidades e realizações. Leitor assíduo de Edgar Morin, o mestre do paradigma da complexidade, de quem teve supervisão em pós-doutorado, junto com Michel Maffesoli e Jean Baudrillard, propõe uma reflexão compartilhada sobre o lugar da escola num mundo das imagens, dos algoritmos, das diferenças, do GPT e das tantas IAs que vão continuar a se multiplicar.
A escola, em todos os seus níveis, não vai desaparecer. Ela está, isso sim, em profunda metamorfose. É um momento propício para que se possa pensá-la de dentro e de fora como um todo formado de partes articuladas e com maior ou menor grau de autonomia, num holograma de ideias, de propostas e de sonhos. Uma pedagogia da comunicação e da interação, para além do que há de comunicacional em toda relação, desponta como projeto, horizonte, possibilidade, aposta. Por uma escola da razão sensível, do pluralismo, de um novo humanismo, da iniciação, da compreensão, da interação e do lúdico. Uma escola da horizontalidade, da cooperação, da liberdade, da complexidade e da diversidade. Vamos lá?
Os Editores
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Leia nossa política de privacidade
Opinião do Leitor
Seja o primeiro a opinar sobre este livro