O alcaide de Furnes, Joris Terlinck, é uma figura forte e autoritária. Um jovem, a quem ele se recusou a dar dinheiro, comete o suicídio. As muitas provas pelas quais Terlinck passa não o humanizam – sua mulher fica muito doente e morre, sua filha sofre de uma doença mental e é finalmente colocada em um hospital psiquiátrico e o conselho local faz firme oposição a ele. Mas ele não se rende.
Dez para as cinco da tarde. Erguendo a cabeça para ver a hora no cronômetro que colocava sempre em cima da escrivaninha, Terlinck tinha o tempo contado diante de si.
Em princípio, o tempo de sublinhar com lápis vermelho uma última cifra e fechar um dossiê cujo papel pardo exibia a inscrição: "Projeto de orçamento para a instalação da água, assim como de todos os trabalhos de canalização do novo hospital Saint-Éloi".
Era hora de recostar-se na poltrona, pegar um charuto no bolso e fazê-lo estalar, cortando sua ponta com a ajuda de um bonito aparelho niquelado que tirou do colete.
(trecho de O burgomestre de Furnes)
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