Escritos da devassidão nos conventos brasileiros e portugueses dos séculos XVII e XVIII
Pesquisa e introdução de Ana Miranda
Da mesma autora de Boca do inferno
Puta dum corno, dos diabos freira,
Eu me ausento, por mais não aturar-te;
Tu cá ficas, cá podes esfregar-te
Com quem melhor te apague essa coceira;
(Antonio Lobo de Carvalho)
Em Portugal e no Brasil dos séculos XVII e XVIII, a vocação religiosa não era razão determinante para uma mulher ser enviada a um convento. Elas podiam ser enclausuradas por rebeldia, excesso de sensualidade, de intelectualidade, por ter perdido a virgindade ou, simplesmente, pelo status que ter uma filha freira conferia às famílias. Como consequência, casos amorosos com monjas – platônicos e consumados – abundavam; celas e conventos eram ambientes de grande licenciosidade, e até mesmo o rei Dom João V era um “freirático” – aquele que frequenta freiras. Poemas luxuriosos, românticos, por vezes sarcásticos, escritos para e por freiras, em plena Inquisição, documentam tal costume dessa época em que, como poucas, a interdição sexual teve a função de afrodisíaco.
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Opinião do Leitor
Marcel F. Lopes
Curitiba/PR
Um livro excelente, muito bem organizado e resultado de uma pesquisa muito competente sobre o cenário obscuro por trás da religiosidade cristã nos conventos portugueses e brasileiros. Tendo como contexto o final do período colonial, o livro mostra que a reclusão religiosa para as mulheres não tinha caráter vocacional, ou seja, era resultado da renegação do papel social feminino, muito comum naquela época, o que abrangia todos os aspectos relacionados ao "ser mulher".
26/03/2015