Merda!
Noite de 11 de dezembro de 1896. Estréia de Ubu Rei; com Fermin Gémier, da Comédie Française, no papel-título. Após uma rápida apresentação feita pelo próprio Jarry, entra Gémier como Ubu, acompanhado de sua mulher, Mãe Ubu, ambos grotescos. Primeira fala: "MERDRA!" E durante quinze minutos não conseguiu falar mais nada. Quando a platéia se acalma, segue-se a ação: mortes, pilhagens, cinismo desenfreado, covardia, tudo sem meias medidas. Ubu, o primeiro anti-herói da história do teatro, chocante, totalmente mau em todos os sentidos, é um concentrado Todo-Poderoso de maldade e violência. Ao mesmo tempo, é irônico, cínico, divertido e ridículo, um espelho grotesco da iniqüidade da condição humana.
Depois de uma curta temporada de duas apresentações, foi retirado de cartaz e representado somente um ano após a morte de Jarry, em 1908.
Absurdo e irracionalismo filosófico, pedras angulares da cultura do século XX, foram demais para aquela platéia de fim do século passado. Hoje um clássico, Ubu Rei é também o início da modernidade no teatro, bem menos escandaloso quase cem anos depois, sempre uma obra-prima.
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