Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira & Seymour, uma apresentação marca a entrada de J. D. Salinger na Coleção L&PM POCKET. O grande escritor norte-americano, autor do cultuado O apanhador no campo de centeio (1951), retoma em Carpinteiros, lançado em 1963, a história da família Glass, iniciada em Nove estórias (1953) e levada adiante em Franny e Zooey (1961).
O narrador de Carpinteiros é Buddy, um dos sete filhos da família Glass e irmão de Seymour, protagonista do livro. Ele, porém, é um protagonista ausente, já que aparece apenas por meio da voz de Buddy. Logo no início, fica-se sabendo que Seymour se suicidou aos 31 anos, em férias com sua esposa na Flórida – episódio relatado em Nove estórias, no conto “Um dia ideal para os peixes-banana”.
A primeira das duas histórias do livro gira em torno do casamento não-realizado de Seymour, que às vésperas da cerimônia pede para adiar a celebração, já que se sente animado demais para casar. A história se passa num dia muito quente de 1942, e se concentra praticamente em dois espaços: um carro, no qual Buddy fica preso com a madrinha da noiva e seu marido, uma tia da noiva e um senhor surdo-mudo, e no apartamento que Seymour e Buddy dividiam em Nova York antes de serem convocados para a Guerra.
O narrador, nesse dia fatídico, é confrontado com a raiva dos outros ocupantes do carro, que não se conformam com o fato de seu irmão ter abandonado a noiva no altar. Buddy passa então a analisar a vida familiar e, mais especificamente, a trajetória de Seymour até aquele momento. Todos os sete irmãos, Franny, Zooey, Walt e Waker (gêmeos), Boo Boo, Buddy e Seymour, o mais velho, participaram durante grande parte da infância e da adolescência, como convidados pagos, do programa radiofônico “Crianças sabidas”. Seus pais, artistas de vaudevile, encorajavam seus filhos-prodígio a participarem do programa, mas com a ressalva de usarem pseudônimos para preservar a identidade. Será que essa superexposição transformou essas crianças em adultos-problema? Essa pergunta nunca é formulada, mas talvez seja o cerne destas duas histórias e do próprio O apanhador no campo de centeio, que tem como tema principal o drama da adolescência.
Em Seymour, uma apresentação, Buddy estabelece um diálogo muito próximo com o leitor. Por meio desse narrador, Salinger fala sobre o ato de escrever, mostrando com ironia a tentativa de Buddy de organizar e publicar a obra do irmão falecido, a fim de esclarecer um pouco mais a personalidade deste. Buddy/Salinger discutem e ironizam a crítica literária, mas falam muito de poesia e criação: Kafka, Tchekhov, Somerset Maugham, poesia chinesa e japonesa são citados nesta apresentação, cuja genialidade está em levantar ainda mais dúvidas sobre este grande personagem, Seymour.
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Opinião do Leitor
Sonia M.de Andrade Ramos
S.Paulo - SP
Li muito Salinger em minha adolescência, O apanhador no campo de centeio foi determinante em minha formação, comprei Carpinteiros levantem alto a cumeeira importado na época de Portugal, mas não achei legal as meninas serem chamadas de raparigas, então não consegui prosseguir, mas de vez em quando voltava ao livro porque Salinger prá mim era e por incrível que possa parecer ainda continua sendo indispensável. Reli recentemente Nine Stories. À propósito vou comprar "Carpinteiros..."
22/06/2013
Agatha
Felipe Fernandes
Natal / RN
Salinger foi, na minha humilde opnião, o melhor escritor norte-americano da história. Este livro é fantástico, e serve para acompanhar as outras obras do autor, complementando-as, pois fornece informações importantes para a melhor compreensão destas. Salinger é maravilhoso e nos ensina uma nova forma de ver a vida.
18/07/2011 09:35:14