Vida & Obra


Charles Baudelaire

Charles-Pierre Baudelaire foi um dos maiores poetas do século XIX, tendo influenciado decisivamente toda a poesia moderna. Rebelde, combateu a censura e a intolerância, sendo ao mesmo tempo controvertido e célebre no seu tempo. Nasceu em Paris em 1821. Aos seis anos perdeu o pai, e logo depois a mãe casou-se novamente. Em 1833 mudou-se com a nova família para Lyon, onde freqüentou uma escola militar – mas acabou expulso. Após o episódio voltou a Paris e passou a viver no Quartier Latin, onde começou a escrever. Em 1838 escreveu o poema Incompatibilité. Nessa mesma época teria contraído sífilis. Na tentativa de separá-lo do mundo boêmio, em 1841 seus pais o colocaram em um navio rumo à Índia. A viagem de nada adiantou, já que Baudelaire abandonou o navio e retornou a Paris.

Atingindo a maioridade, pôde estar de posse da herança do pai. Passou a viver entre drogas e álcool na companhia de Jeanne Duval, uma jovem mulata que ele conhecera no teatro ­Porte Saint-Antoine. Em 1843 Baudelaire estreou numa coletânea literária chamada Vers. Nessa época mudou-se para o Hotel Pimodan e conheceu muitas pessoas ligadas às artes, como poetas, pinto­res e marchands. É neste hotel que Baudelaire reen­controu o poeta Theóphile Gautier, Apolonie Sabatier – sua futura ­grande ­paixão – e Fernand Boissard, pintor morto prematuramente. É aí que instalou o famo­so Club des Haschischins, que o inspiraria para escrever a primeira parte dos Paraísos Artificiais. Em 1844 sua mãe entrou na justiça acusando-o de pródigo, ficando então sua fortuna nas mãos de um notário. E, nesse mesmo ano, passou a colaborar anonimamente ou sob pseudônimo para várias publicações parisienses.

Em 1846, ainda sob o pseudônimo de Baudelaire-Dufaÿs, publicou ensaios sobre acontecimentos artís­ticos, além de poemas em várias publicações pa­ri­sien­ses. Nessa época conheceu Marie Daubrun. Em 1852 publicou Edgar Allan Poe: sua vida e sua obra e, um ano depois, traduziu O Corvo, de Poe. Dois anos depois enviou vários poemas para Mme. Sabatier, que passou a ser uma figura da maior impor­tância na sua vida. Baudelaire, no entanto, pas­sou a viver o drama de dois amores: Mme. Sa­ba­tier e Jea­nne Duval, situação que será o tema bau­de­lairiano da double postulation.

No ano de 1855, entre outras publicações, destacou-se o apareci­mento na Revue des Deux Mondes de dezoito poe­mas que apareceram pela primeira vez sob o títu­lo geral de As Flores do Mal. Note-se que este nome não foi dado pelo poeta e sim pelo amigo Hyppolyte Babou. A 25 de junho de 1857 foi lançado o livro As Flores do Mal. No dia 5 de julho, saiu a crítica do jornalista e crítico literário Gustave Bourdin, denunciando a publicação de As flores do mal; é possível que este artigo tenha motivado as medidas judiciais que foram tomadas contra o poeta e seu poema. Em 11 de julho Bau­de­laire envia uma carta a Poulet-Malassis, comunicando a apre­ensão dos livros à venda em Paris e pedindo ao ­editor que esconda os livros ainda não distribuídos. Escreve para Mme. Sabatier, perguntando se ela poderá interceder a seu favor junto aos juízes.

Em agosto começou o processo de As flores do mal. O promotor é Ernest Pinard, que já havia acusa­do no processo contra Madame Bovary, de Flaubert, em janeiro desse mesmo ano. O resulta­do do julga­mento foi desastroso para o poeta, sendo condenado jun­tamente com seu editor sob a acusa­ção de ter i­do contra “a moral e os bons ­costumes”. O texto foi cortado em vários versos e seis poemas foram suprimi­dos integralmente em sentença que ­seria ­reformada judicialmente somente em 1949. Bau­delaire recebeu carta de Victor Hugo, na qual o gran­de escritor da literatura francesa na ­época diz: “Suas flores do mal resplandecem e deslumbram co­mo estrelas”.

Um ano depois publicou a primeira parte dos Paraísos Artificiais, le Haschisch, na Revue Contem-poraine. A segunda parte foi publicada em forma de artigo na Revue Contemporaine, com o nome de Un mangeur d’opium.

Em 1861 escreveu uma admirável carta a sua mãe, que marcou o início de um novo relacionamento entre mãe e filho, até então deteriorado, e também marcou uma transformação na vida interior do poeta. Nessa época um grupo de poetas de vanguarda lançou a candidatura de Baudelaire para a ca­deira de Lacordaire na Academia Francesa de Le­tras. Tentando evitar um confronto e revés do poe­ta diante da conservadora maioria da ­Academia de Letras, Sainte-Beuve convenceu Baudelaire a re­­nunciar à candidatura, o que ele faz a 10 de ­feve­reiro. Um ano depois o The Spectator de Londres pu­blicou um artigo sobre Baudelaire, escrito por Swim­burne, um marco da considerável ­in­fluência que o poeta exerceu sobre os poetas ingleses.

Em 1864 agastado com os intelectuais franceses, incomodado pelos conservadores órgãos da censura ­oficial, Baude­laire emigrou para a Bélgica espe­ra­­n­do ser melhor compreendido que em Paris. De­cep­cionou-se rapidamente, o que explica a ­violência dos seus escritos sobre a Bélgica. Em fevereiro de 1865 Baudelaire ficou gravemente ­doente e em março teve um mal súbito numa igreja em Namur. Teve que ser internado. Começaram a surgir os primeiros sintomas de afasia e hemiplegia. Em julho, já privado da voz, mas perfeitamente lúcido, Baudelaire retornou a Paris trazido pela mãe. Foi internado na Casa de Saúde do Doutor Duval, onde passou a receber grandes figuras da poesia francesa, como Sainte-Beuve, Banville, Leconte de Lisle e outros. Em 31 de outubro de 1867, morreu, aos 46 anos, nos braços de sua mãe. ­Imediatamente a Revue nationale publicou seus últimos poemas em prosa. Foi enterrado a 2 de setembro no cemitério de Montpar­nasse ao lado do padrasto, General Aupick. Junto ao túmulo do poeta, discursaram seus amigos poetas Banville e Asselineau.



Baudelaire é um dos nomes da Série Biografias.

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Opinião do Leitor

SirPOPOTU
lavras do sul rs

Bom não tive a oportunidade de ler As Flores Do Mal, porém estou a acompanhar um mangá que é baseado nesta obra ''Aku No Hana'' e que me fez ficar muito interessado neste poeta e suas obras que fazem ver o mundo com outra perspectiva.

23/02/2019

Agatha

Marisa Neves
Rio Grande/RS

Farei minhas as palavras de Vitor Hugo,o grande escritor francês,''Suas flores do mal resplandecem e deslumbram como estrelas''.

14/09/2014